A fúria de uma rainha: Boadicea






Boadicea foi uma rainha celta(60/61 d.C.), na Grã-Bretanha, que após a morte do seu marido Prasutagos(rei dos icenos) viu toda a sua vida virar pelo avesso. Viu tudo que era seu por direito ser invadido e tomado diante de seus olhos, foi açoitada e ainda foi obrigada a testemunhar o estupro de suas duas filhas(10 e 12 anos) durante a invasão.
Prasutagos  havia feito um acordo com os romanos e tornou-se aliado do Império Romano. Com a morte de seu marido, a rainha assumiu a liderança de seu povo. Entretanto, os romanos desrespeitaram completamente o testamento deixado e o procurador Cato Deciano apropriou-se de toda a fortuna do rei falecido. Foi quando a população revoltada começou um protesto.

Tomada pela raiva, humilhação e o desejo de vingança, ela juntou suas forças e se uniu as tribos vizinhas que também estavam insatisfeitas com o domínio dos romanos para uma retaliação e a libertação de seu povo. A rainha em sua fúria conseguiu reunir milhares e milhares de soldados que massacraram mais de 70 mil romanos e puseram abaixo 3 das mais importantes cidades da época, incluindo Londres. Toda essa revolta quase fez com que Nero desistisse de tudo e abandonasse de vez a Grã-Bretanha.


O historiador Dião Cássio escreveu sobre Boadicea:
"Boadicea era alta, terrível de olhar e abençoada com uma voz poderosa. Uma cascata de cabelos vermelhos alcançava seus joelhos; usava um colar dourado composto de ornamentos, uma veste multicolorida e sobre esta um casaco grosso preso por um broche. Carregava uma lança comprida para assustar todos os que lhe deitassem os olhos."

Dizem as lendas que Boadicea usou magia celta e invocou Andraste, a deusa britânica da vitória e em nome dela cometeu todos os tipos de atrocidades, cega pela vingança.

O primeiro alvo da rainha foi Camulodunum(hoje Colchester), era a antiga capital dos Trinovantes e fora transformada em uma colônia de veteranos romanos. No local havia pouca defesa e foi totalmente incendiado até o alicerce, juntamente com toda a sua população. A maioria da população morreu queimada dentro de um gigantesco templo que havia sido construído em homenagem ao imperador Cláudio, totalmente às custas da população. Após o ataque não sobrou absolutamente nada do lugar, só destruição por onde o exercito passava.
"Nas cidades pelas quais Boadicea passou, escavações encontraram grossas camadas de cinzas, datadas de 60 ou 61", diz Richard Hingley, professor de arqueologia da Universidade de Durham, na Grã-Bretanha. "Em Londres essa camada tem meio metro de espessura."


O exercito da rainha seguiu para o próximo alvo, o centro comercial da Britânia(Londinium), hoje Londres. Pelo caminho ela conseguiu reunir mais forças e agora estava com um exercito grandioso, imparável. O governador Paulino que marchava na mesma direção, ao ver o tamanho do exército celta, deixou Londres à própria sorte e fugiu com suas tropas para pensar numa estratégia melhor para derrotar a furiosa rainha.
E mais uma vez ela destruiu tudo e todos, o local foi consumido pelas chamas e ela seguiu em frente destruindo tudo pelo caminho, seguindo para a batalha final.

E enquanto Boadicea continuava lutando, as tropas inimigas se reagrupavam com estratégia e experiência, coisa que infelizmente ela não tinha na época. A rainha não tinha habilidade suficiente para comandar uma tropa tão grande e o exercito inimigo era bem equipado e acostumado com as batalhas.

Na batalha final mesmo em vantagem no número de soldados, Boadicea teve suas tropas massacradas e mortas, milhares foram mortos em combate e a batalha foi perdida para os romanos. Foi uma das revoltas mais violentas contra o Império Romano.
Após a derrota, a rainha e suas duas filhas  para não serem capturadas cometeram suicídio ingerindo veneno.
No entanto, a fama de Boadicea tomou proporções lendárias na Grã-Bretanha, tomada pela fúria foi capaz de fazer coisas impensáveis, lutou bravamente até o seu último suspiro.
Estátua de Boadiceia, Londres.
Estátua de Boadicea, Londres.