Há 30 anos aconteceu o maior acidente radiológico do Brasil.
Data: 13 de setembro de 1987 (31 anos)
Localização: Goiânia-Goiás/Brasil
O acidente radiológico de Goiânia, que ficou conhecido como acidente com o césio-137, foi um grave episódio de contaminação por radioatividade ocorrido no Brasil.
Tudo começou no dia 13 de setembro de 1987, quando um aparelho utilizado em radioterapias foi encontrado dentro de uma clínica abandonada(IGR), no centro de Goiânia.
O Instituto Goiano de Radioterapia (IGR) era um instituto privado, na Avenida Paranaíba, no Centro de Goiânia. O equipamento que originou a contaminação começou a funcionar em 1971 sendo desativado em 1985, quando o IGR deixou de funcionar no endereço. Na mudança de localização, o equipamento de teleterapia foi abandonado em uma das salas. A contaminação originou-se de uma cápsula que continha cloreto de césio, um sal obtido a partir do radioisótopo 137 do elemento químico césio.
A cápsula radioativa era parte de um equipamento radioterapêutico onde, dentro deste, encontrava-se revestida por uma caixa protetora de aço e chumbo.
Essa caixa protetora possuía uma janela feita de irídio, que permitia a passagem da radiação para o exterior.
Setembro de 1987, dois catadores de reciclagem em mais um dia de trabalho encontram um
aparelho desconhecido abandonado. Pensando tratar-se de sucata, resolvem levar para casa e vender.
O repasse do equipamento foi feito para o Devair Alves Ferreira, dono de um ferro-velho, localizado no Setor Aeroporto. No ferro-velho a cápsula de césio foi aberta, de dentro dela saiu cerca de 19 gramas de um pó branco que brilhava no escuro.
Todos ficaram encantados com o pó que emitia um brilho azul no escuro.
Em pouco tempo todos os familiares em casa já entraram em contato com o césio. Ivo Ferreira, irmão de Devair, resolveu levar um pouco de césio para sua filha. No dia seguinte Devair começa a sentir os primeiros sintomas.
Gradualmente, o material radioativo foi entrando em contato com outras pessoas.
No dia 28 de setembro de 1987, Maria Gabriela, a esposa de Devair, começou a perceber que todos que tiveram contato com pó brilhante estavam passando mal. Ela, decidiu levar o equipamento até a Vigilância Sanitária, onde foi descoberto que se tratava de um material radioativo indevidamente descartado.
Pouco tempo depois o césio fez suas primeiras vítimas. No dia 23 de outubro de 1987, Leide das Neves Ferreira, de 6 anos, filha do Ivo e Maria Gabriela Morreram.
A contaminação
A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) examinou toda a população da região e
mais de 1000 pessoas foram expostas aos efeitos do césio. Mais de 100 mil pessoas foram monitoradas.
A monitoração tinha como objetivos:
- identificar a existência de contaminação;
- aplicar medidas preliminares de descontaminação, bem como avaliar a eficácia desse procedimento, liberando-as a seguir
- em caso de persistência da contaminação, encaminhamento das pessoas ao HGG com vistas ao acompanhamento médico pela equipe de especialistas.
O Dr. Donald Clarke Binns, encarregado da monitoração no Estádio
Olímpico relata:
Casas foram esvaziadas, objetos como brinquedos, fotografias e utensílios domésticos foram considerados material de rejeito. O que foi recolhido com a limpeza foi transferido para o Parque Estadual Telma Ortegal.
O governo da época tentou minimizar o acidente escondendo a tragédia da população, submetida a uma "seleção" no Estádio Olímpico Pedro Ludovico.
A população aterrorizada procurava por auxílio, dizendo ser apenas um vazamento de gás. Até hoje todos os contaminados ainda desenvolvem enfermidades relativas à contaminação radioativa.
___________________________________
Fontes:
http://memoria.cnen.gov.br/
https://www.wikipedia.org/
https://g1.globo.com/
Pesquisa sobre o acidente radiológico. Césio-137/Fonte Original
Tudo começou no dia 13 de setembro de 1987, quando um aparelho utilizado em radioterapias foi encontrado dentro de uma clínica abandonada(IGR), no centro de Goiânia.
O Instituto Goiano de Radioterapia (IGR) era um instituto privado, na Avenida Paranaíba, no Centro de Goiânia. O equipamento que originou a contaminação começou a funcionar em 1971 sendo desativado em 1985, quando o IGR deixou de funcionar no endereço. Na mudança de localização, o equipamento de teleterapia foi abandonado em uma das salas. A contaminação originou-se de uma cápsula que continha cloreto de césio, um sal obtido a partir do radioisótopo 137 do elemento químico césio.
A cápsula radioativa era parte de um equipamento radioterapêutico onde, dentro deste, encontrava-se revestida por uma caixa protetora de aço e chumbo.
aparelho desconhecido abandonado. Pensando tratar-se de sucata, resolvem levar para casa e vender.
O repasse do equipamento foi feito para o Devair Alves Ferreira, dono de um ferro-velho, localizado no Setor Aeroporto. No ferro-velho a cápsula de césio foi aberta, de dentro dela saiu cerca de 19 gramas de um pó branco que brilhava no escuro.
Todos ficaram encantados com o pó que emitia um brilho azul no escuro.
Em pouco tempo todos os familiares em casa já entraram em contato com o césio. Ivo Ferreira, irmão de Devair, resolveu levar um pouco de césio para sua filha. No dia seguinte Devair começa a sentir os primeiros sintomas.
Gradualmente, o material radioativo foi entrando em contato com outras pessoas.
No dia 28 de setembro de 1987, Maria Gabriela, a esposa de Devair, começou a perceber que todos que tiveram contato com pó brilhante estavam passando mal. Ela, decidiu levar o equipamento até a Vigilância Sanitária, onde foi descoberto que se tratava de um material radioativo indevidamente descartado.
Pouco tempo depois o césio fez suas primeiras vítimas. No dia 23 de outubro de 1987, Leide das Neves Ferreira, de 6 anos, filha do Ivo e Maria Gabriela Morreram.
Enterro de Leide das Neves Ferreira, 6 anos. Caixão de Chumbo |
A contaminação
A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) examinou toda a população da região e
mais de 1000 pessoas foram expostas aos efeitos do césio. Mais de 100 mil pessoas foram monitoradas.
A monitoração tinha como objetivos:
- identificar a existência de contaminação;
- aplicar medidas preliminares de descontaminação, bem como avaliar a eficácia desse procedimento, liberando-as a seguir
- em caso de persistência da contaminação, encaminhamento das pessoas ao HGG com vistas ao acompanhamento médico pela equipe de especialistas.
O Dr. Donald Clarke Binns, encarregado da monitoração no Estádio
Olímpico relata:
"Nós chegamos a monitorar cerca de 112.000 pessoas no Estádio Olímpico e percebemos claramente o problema da população apavorada, acreditando que "a tal da radiação" era uma doença nova, como se fosse a peste bubônica, inclusive transmissível. Pegavam suas roupas e as queimavam. Isto lembra a Idade Média. Durante a epidemia de peste as pessoas ateavam fogo em tudo. Acreditavam que a radiação podia ser carregada pelo vento e podia atingir a todos. Deu muito trabalho esclarecer este povo, pois cada um que chegava recebia uma aula individual. Nossos técnicos estavam instruídos para isto e durante 12 horas por dia nós medíamos a radiação, esclarecíamos as pessoas mediante um intenso trabalho de rodizio de técnicos. No total chegamos a ter 21 pessoas trabalhando, incluindo gente do IPEN, IRD, Sede e IEN.
Uma parte da equipe monitorava as pessoas, outra parte descontaminava as que apresentavam alguma contaminação e finalmente a outra saía em busca de novos focos de contaminação. O rodizio era necessário porque o trabalho era extenuante para que um mesmo grupo fizesse o mesmo trabalho o tempo todo. A cada pessoa era dada uma explicação superficial a respeito do que tinha acontecido, o que era radiação, o que era contaminação e quais os sintomas. Na opinião dos técnicos, esta explicação simples, individual foi mais eficiente do que dar palestras em auditórios, onde só cabe um número reduzido de pessoas. Ao todo, atingimos um total de 112.000 pessoas.
Muita gente voltou depois para dizer "ainda bem que vocês estão aqui ". A população sentiu que este trabalho melhorou muito o aspecto psicológico da população. Nas filas, as pessoas tremiam e choravam ao serem medidas com o detetor. Uns desmaiavam porque estavam contaminados efetivamente. Outros de medo. As crianças achavam que o detetor servia para dar vacina. Mesmo os adultos confundiam monitoração com vacina. Outros entravam em todas as filas, sendo medidos várias vezes e voltando no dia seguinte, pois não acreditavam nos resultados das medidas. Durante os primeiros 10 dias após a identificação do acidente, muita gente já havia sido monitorada e, nesta época, todos sabiam quais eram os sintomas de radiação, pois estes já haviam sido descritos pela imprensa.
Veja também o post sobre A Maior Bomba Atômica já detonada no Mundo
Foi verificado que 8,3% de 60.000 pessoas monitoradas estavam com distúrbios psicossomáticos. Muitas dessas apresentavam enormes bolhas, pele vermelha, vômitos e diarreia. Afirmavam que isto era algo novo para eles e que estes sintomas só apareceram depois do acidente, mesmo antes do acidente ter sido divulgado pela imprensa. Fiquei muito perplexo com o estado da pele dessas pessoas e era difícil afirmar-se que tanta gente estivesse mentindo. Nenhum deles apresentavam níveis de radiação e mesmo que apresentassem, o nível encontrado nunca seria o suficiente para causar tal radiolesão ".
Casas foram esvaziadas, objetos como brinquedos, fotografias e utensílios domésticos foram considerados material de rejeito. O que foi recolhido com a limpeza foi transferido para o Parque Estadual Telma Ortegal.
O governo da época tentou minimizar o acidente escondendo a tragédia da população, submetida a uma "seleção" no Estádio Olímpico Pedro Ludovico.
A população aterrorizada procurava por auxílio, dizendo ser apenas um vazamento de gás. Até hoje todos os contaminados ainda desenvolvem enfermidades relativas à contaminação radioativa.
___________________________________
http://memoria.cnen.gov.br/
https://www.wikipedia.org/
https://g1.globo.com/
Pesquisa sobre o acidente radiológico. Césio-137/Fonte Original