Recomendação: Feliz Natal (2005) - Filme.





Antes de mais nada, feliz natal para todo mundo (seja lá qual significado cada um atribua a ele) e aproveitando o clima, hoje a minha recomendação é de um dos meus filmes favoritos (inclusive assisti novamente ontem para relembrar o porquê de gostar tanto dele): Joyeux Nöel (2005).

Imagem do filme Feliz Natal, 2005


Todo mundo conhece a primeira (e a segunda) guerra mundial, mas o que poucos sabem é que em 1914 na tão temida "terra de ninguém" algo muito improvável aconteceu: alguns soldados alemães e britânicos (e algumas pequenas unidades francesas) abaixaram suas armas para comemorar o natal com seus rivais, com direito à pelada em meio às trincheiras e tudo.


Os primeiros minutos do filme já nos remete ao sentimento de ódio enraizado nas nações em guerra, evidenciando que os "estrangeiros" eram conhecidos como "inimigos" pelas crianças de cada lugar em suas respectivas escolas.



Sem entrar em muitos detalhes para não arriscar soltar algum spoiler, o drama em questão é construído em cima do Natal de 1914 e sob a perspectiva de várias pessoas, em princípio de um tenor alemão (o personagem foi baseado em Walter Kirchhoff, que viajou durante a guerra se apresentando para as tropas) e sua esposa (essa que faz de tudo para ficar ao seu lado, mesmo que para isso tenha que ir até às trincheiras). Posteriormente nos imerge no conflito interior dos tenentes e soldados de cada tropa, com suas dúvidas e temores, mas principalmente reflexivos quanto ao seu sentido da guerra no período natalino.

Imagem do filme feliz Natal. 2005



Particularmente, não achei o filme nada cansativo, ele é do tipo que prende do começo ao fim e não é daqueles que deixa a parte mais importante pro final porque ele por completo é uma construção de partes essenciais que levaram os personagens até a trégua.






Observações:
** Algo que não é mencionado no filme, mas muito provavelmente foi de grande simbolismo para o que aconteceu, foi que antes do Natal de 1914, houve duas súplicas de paz, uma foi "A Carta Aberta de Natal" escrita pela ativista Emily Hobhouse: um apelo público endereçado “às mulheres da Alemanha e da Áustria”, assinada por 101 mulheres sufragistas britânicas no fim de 1914. Deixo aqui um trecho dela: “a mensagem de Natal soa como escárnio para um mundo em guerra, mas aqueles de nós que desejaram e ainda desejam paz podem certamente oferecer uma saudação solene a vocês que se sintam como nós”. 
** E em 7 de dezembro do mesmo ano, o Papa Bento XV mencionou uma trégua oficial entre as potências beligerantes, suplicando para "que as armas possam cair em silêncio, ao menos na noite em que os anjos cantam". Obviamente as autoridades (como é de praxe) ignoraram o apelo e seguiram com a guerra.
Jornal inglês The Daily Mirror — Trégua no Natal de 1914.
Curiosidade:
O menino Adolf Hitler (na época cabo do (16.ª) Reserva bávara de Infantaria) não curtiu muito a ideia da paz momentânea (como muitos outros também não gostaram — lembrando que esse momento foi uma exceção raríssima) entre os soldados de diferentes nações e teceu o seguinte comentário:
“Essas coisas não deviam acontecer em tempo de guerra. Os alemães perderam todo o senso de honra?”. (O bicho deve ter ficado muito #¿$?%!¡ da cara, né?)